A Páscoa: em que dia Jesus morreu e ressuscitou?

A Páscoa: em que dia Jesus morreu e ressuscitou?

 

A PÁSCOA

 

O QUE SIGNIFICA A PÁSCOA 

1. A Páscoa é uma das festas israelitas (Levítico 23:4,5); a palavra páscoa vem do hebraico "PESACH (H6453)", que tem o sentido de "passagem"; outros propõem que tem o sentido de aplacar, apaziguar (FONTE: Comentário da Bíblia de Genebra sobre Êxodo 12:11).

2. Os israelitas foram escravos no Egito por aproximadamente 400 anos (Gênesis 15:13 - Êxodo 12:40); a páscoa é a PASSAGEM ("PESACH" H6453) de Deus pelo Egito (Êxodo 12:11) e, com essa passagem, a morte viria para os primogênitos dos egípcios, a fim de que o faraó deixasse o povo israelita sair do Egito (Êxodo 11:1-5)

Assista ao vídeo "Matanças na Bíblia".

 

A ORIGEM DA COMEMORAÇÃO DA PÁSCOA

3. Os israelitas teriam que pegar cordeiros (ou cabritos) (Êxodo 12:3-5 – Êxodo 12:21), os quais deveriam ser mortos, no que o texto hebraico diz, no plural, "entre os pores do sol" ("ben ha-arbaim" H6153) (Êxodo 12:6) e deveriam ser comidos naquela noite ("laila" H3915), com ervas amargas e pão sem fermento (Êxodo 12:8) e o sangue deveria ser passado nas portas de cada casa israelita (Êxodo 12:7 – Êxodo 12:22)

4. À meia-noite ("ba-chatsi ha-laila"), Deus passaria ("PASACH" H6452) por sobre as casas que tivessem o sinal do sangue (Êxodo 12:13 – Êxodo 12:23,29). Deus passou pelo Egito à meia-noite (Êxodo 12:29) e, depois, à noite, faraó ordenou que os israelitas saíssem do Egito (Êxodo 12:31-33), MAS os israelitas tinham mandamento para saírem de suas casas somente após o nascer do sol (Êxodo 12:22)

5. Os israelitas pegaram a massa do pão ainda sem fermento e foram embora (Êxodo 12:34) e, com essa massa, tiveram que comer pão sem fermento (Êxodo 12:39)

6. O cordeiro ou cabrito morto é o sacrifício da passagem ("PESACH" H6453), isto é, é o sacrifício da páscoa de Deus, pois Deus passou ("PASACH" H6452) por sobre as casas dos israelitas (Êxodo 12:27).

7. Inicialmente, para cada família, havia uma ceia de Páscoa – ceia significa jantar –; a ceia de Páscoa devia ser comida em uma casa, referente a tal família (Êxodo 12:46) e cada família devia comer em sua respectiva casa (Êxodo 12:3,4,7).

8. MAS houve MUDANÇA no mandamento, pois, tempo depois, os animais deveriam ser mortos e comidos no lugar onde Deus havia colocado o seu nome (Deuteronômio 16:1,2,5,6,7), isto é, em Jerusalém (1Reis 14:21). Sobre o Novo Testamento, vou comentar mais adiante.

 

DIFICULDADES DE INTERPRETAÇÃO

9. Embora não pareça, a maior dificuldade sobre esse assunto está exatamente na questão da data e na questão da quantidade de dias em que se devia comer pão sem fermento. Observe as informações, a seguir.

10. As passagens dizem que a Páscoa é no dia 14 do primeiro mês do calendário israelita (Êxodo 12:2-11 - Levítico 23:5 - Números 9:1-5) e, em caso de exceção, poderia ser realizada no dia 14 do segundo mês (Números 9:9-13 - 2Crônicas 30:2,3,15) e, na ceia de Páscoa, deve-se comer pão sem fermento (Êxodo 12:8).

11. Em Levítico 23, fala-se sobre a FESTA dos pães sem fermento (Levítico 23:6). Um detalhe importante, é que nessa passagem, no texto hebraico, aparece a palavra FESTA, que no hebraico é "CHAG (H2282)". 

12. Em Levítico 23 é dito que a festa dos pães sem fermento começa no dia 15 (Levítico 23:6-8) e que essa festa tem duração de sete dias, sendo que o primeiro e o último dia são sábados anuais, isto é, são descansos anuais (Levítico 23:6-8). Eu vou comentar sobre os sábados, mais adiante.

(Levítico 23: biblehub)(Scripture)(chabad).

13. Já em Êxodo 12, também fala-se sobre um período de sete dias, no qual deve-se comer pão sem fermento (Êxodo 12:15,19), mas diz que tal período começa no pôr do sol do dia 14 e termina no pôr do sol do dia 21 (Êxodo 12:18); Um detalhe é que, nessa passagem, no texto hebraico, a palavra FESTA ("CHAG" H2282) aparece apenas no verso 14, referindo-se ao dia de Páscoa (Êxodo 12:14).

(Êxodo 12: biblehub)(Scripture)(chabad)

14. A partir dessas informações, surgem as quatro questões, a seguir: 

(1) A mudança numérica do dia israelita ocorre à meia-noite ou ao pôr do sol? (Êxodo 12:37,51 - Números 33:3 - Deuteronômio 16:1); 

(2) No dia 14, devia-se tanto matar os animais quanto comê-los? Ou devia-se matá-los no dia 14 e comê-los no dia 15? (Êxodo 12:6-8 - Deuteronômio 16:6);

(3) O dia de Páscoa ocorre antes da festa dos pães sem fermento, ou o dia de Páscoa equivale ao primeiro dia da festa dos pães sem fermento?

(4) De acordo com os comentários da Bíblia TEB, da Bíblia de Jerusalém e da Bíblia do Peregrino, na época de Jesus, havia mais do que um calendário. Qual calendário seria o correto? 

(FONTE: Comentário da Bíblia TEB, sobre Marcos 14:12 e Mateus 26:17)(FONTE: Comentário da Bíblia de Jerusalém e da Bíblia do Peregrino, sobre Mateus 26:17).

  

MUDANÇA NUMÉRICA DO DIA ISRAELITA

15. No nosso calendário, a mudança numérica do dia ocorre à meia-noite. Isto é, meia-noite é o momento de mudança numérica. Por exemplo: imagine você vindo do trabalho às 23 horas do dia 14 e você chega em casa à meia-noite. Pergunta: Matematicamente falando, você chegou em casa no fim do dia 14 ou no início do dia 15?

16. Perceba que o momento de mudança numérica é um momento ambivalente, pois se refere aos dois dias. Há quem entenda que a mudança numérica do dia israelita ocorre ao pôr do sol e há quem entenda que ocorre à meia-noite. 

17. Se a mudança numérica do dia israelita ocorre ao pôr do sol, então é o pôr do sol que seria o momento ambivalente, referindo-se aos dois dias.

 

MUDANÇA NUMÉRICA À MEIA-NOITE 

18. Para quem entende que a mudança numérica do dia israelita ocorre à meia-noite, os argumentos são os seguintes:

19. O primeiro ponto é que, uma vez que todas as passagens dizem que a Páscoa é no dia 14 (Êxodo 12:2-11 - Levítico 23:5 - Números 9:1-5), segundo esse entendimento, NÃO é possível imaginar que o dia 14 apenas se refira à morte dos animais, NÃO é possível imaginar que a ceia de Páscoa e a passagem de Deus pelo Egito tenham ocorrido no dia 15.   

20. O segundo ponto é que Deus passou pelo Egito à meia-noite (Êxodo 12:29) e, depois, à noite, faraó ordenou que os israelitas saíssem do Egito (Êxodo 12:31-33) e, em outras passagens, é dito que Deus tirou os israelitas do Egito à noite (Êxodo 12:42 - Deuteronômio 16:1), naquele dia (Êxodo 12:51), no dia 15, depois da Páscoa (Êxodo 12:37,51 – Números 33:3).

21. Se a noite ("LAIL" H3915) mencionada em Êxodo 12:31 for a mesma noite mencionada em Êxodo 12:42 e em Deuteronômio 16:1, então entende-se que a mudança numérica do dia israelita ocorre à meia-noite. 

22. Mas o problema dessa interpretação é que os israelitas tinham mandamento para saírem de suas casas somente após o nascer do sol (Êxodo 12:22). Por que que Deus teria tirado os israelitas do Egito naquela noite, se Deus anteriormente havia ordenado que eles saíssem de suas casas somente após o nascer do sol? (Êxodo 12:22)

23. Outro problema dessa interpretação é que, se a mudança numérica do dia israelita ocorre à meia-noite, com isso, conclui-se duas coisas: 

(1) Ou Jesus comeu a última ceia de Páscoa no dia correto, que nessa interpretação é o dia 14 e, assim sendo, Jesus, que é a nossa páscoa (1Coríntios 5:7), teria morrido no dia 15;

(2) Ou Jesus comeu a Páscoa no dia errado, no dia 13, e teria morrido no dia 14.

  

MUDANÇA NUMÉRICA AO PÔR DO SOL 

24. Há quem entenda que a mudança numérica do dia israelita ocorre ao pôr do sol. Eu penso que essa é a melhor interpretação.

25. Se a mudança numérica do dia israelita ocorre ao pôr do sol, então conclui-se, por exemplo, que o dia 13 começa no pôr do sol, o dia 14 começa no pôr do sol seguinte e o dia 15 começa no outro pôr do sol seguinte, e assim por diante. Os argumentos desse entendimento são os seguintes:

26. Em Gênesis 1:5 é dito: "e Deus (1) a luz chamou dia ("yom") e a escuridão noite ("laila") e (2) foi o pôr do sol (singular) ("ereb" H6153) e o nascer do sol ("boqer" H1242), (3) o dia um (Gênesis 1:5)".

27. Como o primeiro dia começou num momento escuro e terminou no período claro, daí é que se tem a ideia de que o dia israelita começa ao pôr do sol. Os judeus também entendem assim (Talmud Babilônico, tratado Berachot, páginas 26a, 3a).

28. Também existe a questão de como as horas do dia eram contadas; o comentário da Bíblia de Genebra, sobre Êxodo 14:24, diz que, para os hebreus, a noite era dividida em três vigílias de quatro horas cada e que a vigília da manhã durava das duas às seis horas da manhã e, sobre Marcos 15:25-33, tal comentário diz que a hora terceira equivale às nove horas da manhã, a hora sexta equivale ao meio-dia e que a hora nona equivale aproximadamente às três horas da tarde.

 

ÊXODO 12:6-8

OS DOIS PORES DO SOL

29. A passagem em Êxodo 12:6-8 diz que os animais deveriam ser guardados até o dia 14, e que deveriam ser mortos, no que o texto hebraico diz, no plural, "entre os pores do sol" ("ben ha-arbaim" H6153) (Êxodo 12:6) e que deveriam ser comidos naquela noite ("laila" H3915) (Êxodo 12:8). (FONTE: Comentário da Bíblia de Jerusalém, da Bíblia TEB e da Bíblia NVI, sobre Êxodo 12:6) 

30. SE a mudança numérica do dia israelita ocorre ao pôr do sol, perceba que, assim sendo, todo e qualquer dia possuiria dois pores do sol: (1) o pôr do sol que dá início ao dia e (2) o pôr do sol que finaliza o dia.  A questão então seria: Em qual período do dia os animais teriam que ser mortos?

(1) No período final do dia 14?

(2) No período inicial do dia 14? 

(3) Ou no período final do dia 13, conforme sugerem as passagens em Marcos 14 e em João 18? (Marcos 14:12-18 - João 18:12-28)

31. Embora eu entenda que não há como saber, de forma clara, qual interpretação seja a correta, eu acho que as melhores interpretações são as duas últimas.

32. De acordo com o comentário da Bíblia de Jerusalém e da Bíblia TEB, sobre Êxodo 12:6, (1) para os fariseus, os animais eram mortos antes do pôr do sol, enquanto que, (2) para os samaritanos, os animais eram mortos depois do pôr do sol. 

33. Champlin, em seu comentário, sobre Êxodo 12:6, também diz o mesmo, porém com mais detalhes; Champlin diz que (1) para a ortodoxia judaica, os animais eram mortos antes do pôr do sol – ou seja, no período final do dia 14 –, (2) mas, para os samaritanos, os caraítas e os saduceus, os animais eram mortos no crepúsculo, isto é, logo após o pôr do sol, ou seja, no período inicial do dia 14.

34. Champlin diz que, segundo Flávio Josefo – historiador do primeiro século –, em seus dias, os animais eram mortos a partir da hora nona, isto é, a partir das três da tarde (Guerras, 1.6, sec. 3).  

(FONTE: Champlin, Russel Norman; "O Antigo Testamento Interpretado, Volume I"; Editora Agnos; 2001; sobre Êxodo 12:6)(FONTE: Comentário da Bíblia de Jerusalém e da Bíblia TEB, sobre Êxodo 12:6)(FONTE: Comentário da Bíblia TEB, sobre Marcos 14:12)

 

CONCLUSÃO

35. Em Deuteronômio 16:6,7 é dito: "(6)...lá, vocês sacrificarão a páscoa ao pôr do sol ("EREB" H6153), ao descer do sol, QUANDO ("MOED" H4150) vocês saíram do Egito; (7) e assarão e e comerão...".

36. Pelo contexto geral, entende-se que a palavra "saíram" se refere ao processo de saída do Egito (Êxodo 12:22) e entende-se que a palavra "quando" se refere ao dia em que esse processo de saída teve início (Êxodo 12:22).

***O comentário da Bíblia TEB, sobre Deuteronômio 16:6, diz que a palavra traduzida por "momento", isto é, a palavra "quando", pode se referir a uma data ou a uma hora específica.

INTERPRETAÇÃO ORTODOXA JUDAICA

37. Se a interpretação ortodoxa judaica estiver correta, então os animais deveriam ser mortos no período final do dia 14, a ceia de Páscoa e a passagem de Deus pelo Egito teriam ocorrido no dia 15.

38. Assim sendo, a ceia de Páscoa seria equivalente ao primeiro dia da festa dos pães sem fermento. Isto é, eles teriam que comer pão sem fermento, a partir do início do dia 15, durante sete dias e o processo de saída do Egito teria tido início no dia 15 e finalizado no dia 16 (Êxodo 12:18,19 - Levítico 23:5-8);

 

INTERPRETAÇÃO SAMARITANA, CARAÍTA E DOS SADUCEUS

39. Se a interpretação dos samaritanos, dos caraítas e dos saduceus estiver correta, então a morte dos animais, a ceia de Páscoa e a passagem de Deus pelo Egito teriam ocorrido após o pôr do sol, na parte inicial do dia 14. 

40. Assim sendo, a ceia de Páscoa ocorre um dia antes da festa dos pães sem fermento. Isto é, eles teriam que comer pão sem fermento, a partir do início do dia 14, durante oito dias e o processo de saída do Egito teria tido início no dia 14 e finalizado no dia 15 (Êxodo 12:18,19 - Levítico 23:5-8)

INTERPRETAÇÃO SEGUNDO MARCOS E JOÃO

41. Outra interpretação se obtém quando juntamos a informação de Marcos 14 com João 18, conforme veremos, a seguir:

42. A passagem em Marcos 14 fala sobre o primeiro dia dos pães sem fermento, quando as páscoas eram sacrificadas, isto é, quando os cordeiros ou cabritos eram mortos (Êxodo 12:3-5 – Êxodo 12:21), e diz que somente à noite é que Jesus comeu a ceia de Páscoa (Marcos 14:16-18).

43. A passagem em João 18 diz que Jesus foi preso (João 18:12) e que, de manhã, os judeus que estavam ali disseram que não queriam se contaminar cerimonialmente, pois queriam comer a Páscoa (João 18:28)

44. Com isso, entende-se que os animais foram mortos no período final do dia 13 e que a ceia de Páscoa ocorreu, após o pôr do sol, no começo do dia 14 (Marcos 14:12-18 - João 18:12-28). Mas, assim sendo, surgem duas questões, as quais veremos, a seguir.

 

PRIMEIRA QUESTÃO (MARCOS 14:12)

45. Considerando que, na Bíblia, não existe nenhuma passagem que diga que se deva comer pão sem fermento no dia 13, por que que esse "primeiro dia dos pães sem fermento" mencionado em Marcos e também em Mateus e Lucas seria o dia 13? (Marcos 14:12 - Mateus 26:17 - Lucas 22:7).

46. Um detalhe importante é que, no texto grego, as passagens em Marcos, Mateus e Lucas NÃO dizem "no primeiro dia da FESTA dos pães sem fermento", MAS sim dizem "no primeiro dia dos pães sem fermento", ou seja, a palavra "FESTA" não aparece no texto grego (Mateus 26:17 - Marcos 14:12 - Lucas 22:7).

47. David Stern, em seu Comentário Judaico do Novo Testamento, sobre Mateus 26:17, explica que, ALÉM do mandamento de comer pão sem fermento durante um período de sete ou oito dias – dependendo da interpretação –, TAMBÉM havia uma tradição de remover todo o fermento já no dia anterior a esse período e, devido a isso, entende-se que esse primeiro dia dos pães sem fermento, mencionado em Marcos 14 – e também em Mateus e Lucas –, refere-se a uma tradição, não a um mandamento, ou seja, refere-se ao dia anterior à Páscoa. 

(FONTE: Stern, David Harold; Comentário Judaico do Novo Testamento; Editora Atos; 2008). 

 

SEGUNDA QUESTÃO (JOÃO 18:28)

48. Se a ceia de Páscoa ocorreu, após o pôr do sol, no início do dia 14, conforme sugere Marcos 14, por que que em João 18 fala-se, novamente, sobre comer a Páscoa?

49. David Stern, em seu Comentário Judaico do Novo Testamento, sobre João 18:28, explica que essa refeição de Páscoa NÃO se refere à ceia de Páscoa, MAS sim se refere a um almoço de Páscoa, pelo seguinte motivo:

50. A passagem diz que os judeus não queriam se contaminar cerimonialmente, pois queriam comer a Páscoa. O detalhe a ser observado é que, segundo Levítico 15, a pessoa ficaria impura até o pôr do sol, ou seja, a IMPUREZA cometida de manhã NÃO impediria a pessoa de participar da ceia de páscoa, a qual só iria acontecer após o pôr do sol, à noite. Devido a isso é que se entende que essa refeição de Páscoa mencionada em João 18:28 não se refere à ceia de Páscoa, mas sim trata-se de um almoço de Páscoa. 

(FONTE: Stern, David Harold; Comentário Judaico do Novo Testamento; Editora Atos; 2008). 

CONCLUSÃO

51. Concluindo, de acordo com essas duas últimas interpretações, depois do nascer do sol (Êxodo 12:22), os israelitas teriam saído de suas casas e gastaram algum tempo para se reunirem em Ramassés (Êxodo 12:37,51 – Números 33:3) e, quanto ao verso que diz que “naquele dia o Senhor os tirou do Egito” (Êxodo 12:51), entende-se que eles saíram do Egito, ou ao pôr do sol (entre o dia 14 e 15), ou após o pôr do sol, ou seja, na parte inicial do dia 15 (Deuteronômio 16:1).

52. Assim sendo, eles teriam que comer pão sem fermento, a partir do dia 14, durante oito dias (Êxodo 12:18,19 - Levítico 23:5-8).

 

DIFERENTES TIPOS DE SÁBADO

53. A palavra "sábado" vem do substantivo e do verbo hebraico "SHABAT (H7676)(H7673)" e tem o sentido de "descanso, descansar" (FONTE: Comentário da Bíblia Plenitude, sobre Êxodo 16:30). Na Bíblia, além dos sábados semanais, os quais ocorrem após seis dias trabalhados (Levítico 23:3), existem também os sábados anuais (Levítico 23:6-8).

54. Os sábados anuais mencionados na Bíblia são como os nossos feriados do nosso calendário. Por exemplo, o nosso feriado da Proclamação da República é um descanso anual de dia fixo, o qual ocorre sempre no dia 15 de novembro. Perceba que os feriados de dia fixo, a cada ano, caem em um dia diferente da semana. Esse é um detalhe importante. 

55. A festa dos pães sem fermento, por exemplo, é um período festivo de sete dias, iniciando no dia 15. Os dias 15 e 21 são sábados anuais (Levítico 23:6-8), diferentes do sábado semanal (Levítico 23:3).

56. Curiosamente, perceba que os sábados semanais ocorrem entre seis dias de trabalho (Levítico 23:3), MAS os sábados anuais referentes à festa dos pães sem fermento ocorrem entre cinco dias de trabalho (Levítico 23:6-8).

 

EM QUE DIA DA SEMANA JESUS MORREU E RESSUSCITOU?

57. Essa questão sobre qual dia da semana Jesus morreu e ressuscitou possui algumas dificuldades de interpretação. Por exemplo.

58. Jesus foi crucificado na hora terceira (isto é, às nove da manhã) (Marcos 15:25), morreu na hora nona (isto é, por volta das três da tarde) (Marcos 15:34-37) e foi sepultado um pouco antes do sábado (Lucas 23:53,54). 

59. Ou seja, as passagens dizem que Jesus morreu no dia anterior ao sábado (Marcos 15:42,43 – João 19:31 – Lucas 23:53,54) e, em Marcos 16:9, é dito que Jesus ressuscitou no PRIMEIRO DA SEMANA (“PROTE SABATOU”) aparecendo à Maria Madalena; o primeiro da semana é entendido como sendo o dia equivalente ao nosso domingo (Marcos 16:9). 

60. Considerando que Jesus ficaria três dias e três noites no coração da terra (Mateus 12:40), perceba que, se Jesus morreu numa sexta-feira e ressuscitou no domingo, veja que a soma desse período não equivale a três dias e três noites literalmente inteiros. Devido a isso, há mais de uma interpretação:

61. Há quem entenda que isso se trata de cálculo inclusivo, ou seja, uma parte de um dia já seria considerada como se fosse um dia inteiro. Nesse entendimento, uma parte da sexta-feira e uma parte do domingo, em que Jesus teria permanecido morto, essas duas partes já seriam consideradas como sendo dois dias inteiros e somando com o sábado, teríamos aí três dias, por consideração. 

62. Outro entendimento é que Jesus teria morrido na quarta-feira. Esse entendimento considera dois pontos: 

63. Um ponto é que se considera que a frase em MARCOS 16:9 pode ter duas interpretações, dependendo da posição da vírgula (Marcos 16:9).

(1) Se a frase for "ressuscitando no primeiro da semana(,) ele apareceu primeiro à Maria Madalena"; se a frase for assim, ficaria claro que Jesus teria ressuscitado no primeiro dia.

(2) Se a frase for "ressuscitando(,) no primeiro da semana ele apareceu à Maria Madalena"; se a frase for assim, ficaria claro que Jesus teria aparecido à Maria Madalena no primeiro dia, mas sem deixar claro em qual dia Jesus teria ressuscitado.

64. Outro ponto é que se considera que é possível que, naquela semana em que Jesus morreu, houve dois sábados: o sábado semanal (Levítico 23:3) e um sábado anual, referente à festa dos pães sem fermento (Levítico 23:6-8).

65. De acordo com esse entendimento, Jesus teria sido sepultado na quarta-feira, no dia de páscoa (dia 14) (Levítico 23:5) e, na quinta-feira, teria sido um sábado anual; depois, obviamente, viria a sexta-feira e, finalmente, Jesus teria ressuscitado, (1) ou no sábado semanal (dia 17), aparecendo à Maria Madalena no domingo (Marcos 16:9), (2) ou, no máximo, Jesus teria ressuscitado no pôr do sol, bem na passagem entre o sábado semanal e o domingo (Mateus 28:1,2). 

66. Nesse entendimento, é possível entender o porquê que, em Lucas 23, as mulheres compraram os perfumes antes do sábado (Lucas 23:55,56), mas, em Marcos 16, elas compraram depois do sábado (Marcos 16:1,2).

 

O CRISTÃO DEVE CELEBRAR A PÁSCOA?

67. EU entendo que o cristão não tem mandamento para comer a ceia de páscoa, pois a páscoa é uma das festas israelitas (Levítico 23:4,5) e em Colossenses 2:16 é dito que ninguém nos julgue por causa de dias de festa (Colossenses 2:16). Assistam ao vídeo “A Ceia do Senhor”.

68. O apóstolo Paulo disse que Jesus é a nossa páscoa sacrificada, isto é, Jesus é o nosso cordeiro pascal (1Coríntios 5:7)(1Pedro 1:18-20 - João 1:29,36) e diz que a sinceridade e a verdade são os pães sem fermento (1Coríntios 5:8)Se o cristão deve festejar a páscoa, penso que seja apenas nesse sentido espiritual.

 

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Cordeiro (carneiro jovem) = cria do carneiro com ovelha

Cabrito (bode jovem) = cria do bode com cabra

 

 

DEVEMOS GUARDAR AS FESTAS ISRAELITAS?

PÁSCOA = ("PESACH" H6453)

PÁSCOA = ("PASCHA" G3957)

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