Data do Apocalipse - Evidência Histórica

Data do Apocalipse - Evidência Histórica

Data do Apocalipse - Evidência Histórica

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Os Preteristas ensinam que o livro de Apocalipse é primariamente uma profecia sobre a guerra romana contra os judeus em Israel, que começou em 67 dC e terminou com a destruição do Templo em 70 dC. A fim de Apocalipse ser uma previsão do futuro (Apocalipse 1:1, 3, 11, 19; 22:6-10, 16, 18-20), e se foi cumprida até agosto de 70 dC, então ele teve que ser finalizado nos seus registros em  68 dC para a interpretação preterista até mesmo ser uma possibilidade.

 

A interpretação futurista não depende da data do Apocalipse, uma vez que não importa quando esses eventos ocorrem, pois são ainda para o futuro, para o nosso próprio tempo. No entanto, a data do Apocalipse é essencial para a posição preterista e explica por que eles são tão focados em defender uma data próxima a destruição de Jerusalém.

 

Evidência externa

 

A maioria concluiu que o Apocalipse foi redigido por volta do ano 95 dC, principalmente por causa da declaração de  Irineu, pai da Igreja (120-202). Em torno de 180 dC, Irineu atesta:

 

 “Não vamos, no entanto, incorrer no risco de se pronunciar de forma positiva quanto ao nome do Anticristo, pois se fosse necessário que seu nome deve ser claramente revelado neste momento, teria sido anunciado por aquele que viu a visão apocalíptica. Por que foi visto num tempo não muito longo desde então, mas quase em nossos dias, para o fim do reinado de Domiciano”.

 

 

 

É importante notar que Irineu era da Ásia Menor (atual Turquia). O apóstolo João era também  de Éfeso, na Ásia Menor. Irineu foi discípulo na fé de Policarpo, que foi discipulado pelo apóstolo João. Assim, há uma ligação direta entre a pessoa que escreveu Apocalipse e Irineu. Este argumento, testemunho da história, apóia fortemente a credibilidade de Irineu e sua declaração. Significativamente, nenhuma outra tradição relacionada com a data do Apocalipse foi desenvolvida nesta seqüência, justamente nesta parte do mundo, como foi a de Irineu. Esta foi a área onde o Apocalipse foi dado.

 

Acompanhando o Rastro de Irineu

 

O historiador da igreja Eusébio Pamphilio nasceu em 260 e morreu antes de 341. Bispo de Cesaréia na Palestina, ele é conhecido como o “Pai da História da Igreja.” Eusébio confirma a autenticidade do testemunho de Irineu. No capítulo 18,  livro 3 de sua História da Igreja, lemos:

 

“…  nesta perseguição a João, apóstolo e evangelista, que ainda estava vivo…  ele foi condenado a habitar na ilha de Patmos em conseqüência de seu testemunho à palavra divina. Irineu, no quinto livro da sua obra Contra as Heresias, onde ele discute o número do nome do Anticristo, que é dado no Apocalipse  de João, diz o seguinte a respeito dele: “Se fosse necessário  seu nome ser proclamado abertamente no presente momento teria sido declarado por ele que viu a revelação. Pois foi visto há pouco tempo,  quase em nossa própria geração, no final do reinado de Domiciano. “

 

Eusébio citou a declaração de Irineu; observe que ele também indicou  outras histórias seculares à sua disposição com precisão indicando que o banimento dos cristãos em Patmos ocorreu durante o reinado de Domiciano.

 

Eusébio continua: “Tertuliano também mencionou Domiciano nas seguintes palavras: ‘Domiciano também, que possuía uma parcela da crueldade de Nero, tentou uma vez fazer a mesma coisa que este último fez… sequer se lembrou daqueles a quem ele tinha banido…  Mas depois que Domiciano reinou 15 anos, e Nerva tinha sucedido ao império, o Senado romano, de acordo com os escritores que registram a história daqueles dias, votaram que os horrores de Domiciano deveriam ser cancelados, e que aqueles que tinham sido injustamente banidos devem retornar para suas casas e ter suas propriedades restauradas a eles. Foi nessa época que o apóstolo João retornou de seu exílio na ilha ao seu domicílio em Éfeso…” [Eusébio, Bk. III, cap. xx]

 

O detalhe importantíssimo no testemunho acima é a declaração de que Domiciano reinou 15 anos, o que nos  permite estabelecer a permanência de João no exílio não mais que os 15 anos do governo de Domiciano. Guarde esse detalhe…

 

Escrita por volta do ano 236, Hipolitis, no capítulo um, versículo 3 de  Doze Apóstolos escreveu:

 

“João, de novo na Ásia, foi banido por Domiciano  para a ilha de Patmos, na qual  escreveu  a visão apocalíptica, e no tempo de Trajano ele adormeceu em Éfeso, onde seus restos mortais foram procurados, mas não foram jamais encontrados”.

Por volta de AD 270, Vitorino, no décimo capítulo de seu comentário sobre o Apocalipse de João, escreveu

 

“…  João estava na ilha de Patmos, condenado ao trabalho das minas por César Domiciano… ele viu o Apocalipse, e quando envelheceu, ele pensou que ele deveria finalmente receber sua quitação pelo sofrimento. Domiciano foi morto e todas as decisões dele estavam descarregadas. João foi liberto das minas…”. [Vitorino, Comentário sobre o Apocalipse, XI]

 

Jerônimo nasceu em cerca de 340. Morreu em Belém, 30 de Setembro, 420. Jerônimo escreveu no capítulo IX de Homens Ilustres,

 

“… no décimo quarto ano depois de Nero, Domiciano, tendo levantado uma segunda perseguição, baniu João para a ilha de Patmos, onde ele escreveu o Apocalipse, em que Justino Mártir e Irineu depois escreveram comentários. Mas Domiciano tendo sido condenado à morte e seus atos, por conta de sua excessiva crueldade, foram anulados pelo Senado, e João voltou a Éfeso…”.

 

Segundo Jerônimo João foi exilado em Patmos em 82 dC, e não antes disso. Ora, se Nero morreu em 68 dC, e 14 anos depois houve uma perseguição impetrada por Domiciano, evidente que o ano  dessa perseguição só pode ter sido 82 dC.

 

Em Contra Jovinianus, Livro 1, Jerônimo também escreveu:

 

“João é tanto um apóstolo e um evangelista, um profeta e um apóstolo, porque ele escreveu às Igrejas como um mestre; Um evangelista, porque ele compôs um Evangelho, uma coisa que nenhum outro dos apóstolos, com exceção de Mateus, o fez; um profeta, pois ele viu na ilha de Patmos, para o qual ele havia sido banido pelo imperador Domiciano como um mártir para o Senhor, o Apocalipse, contendo os mistérios sem limites do futuro.”

Sulpitius Severo foi um escritor eclesiástico que nasceu na Aquitânia em 360. Ele morreu cerca de 420-25. No capítulo 31 do livro 2 de sua História Sagrada, lemos:

 

“… Então, depois de um intervalo, Domiciano, filho de Vespasiano, perseguiu os cristãos. Nesta data, ele baniu João Apóstolo e Evangelista para a ilha de Patmos”.

 

Que data? Em torno de 82 dC!

 

O depoimento destas testemunhas da antiguidade indica que o Apocalipse foi escrito após a queda de Jerusalém. Isso nos leva à conclusão razoável de que muitos dos eventos profetizados devem  ocorrer mais tarde.

 

Clemente escreve sobre João

 

Clemente de Alexandria (AD150-220) contou uma história sobre João logo após seu retorno do exílio, como sendo um homem muito velho. Ele narra  sobre um jovem que foi convertido pela pregação do Apóstolo, mas também deixa um valioso documento sobre os dias de João em Patmos.

 

“…  quando da morte do tirano, ele retornou a Éfeso da ilha de Patmos, ele foi embora, sendo convidado aos territórios contíguos das nações, aqui a nomear bispos, lá para pôr em ordem Igrejas para ordenar tais como foram marcados pelo Espírito”. [Clemente, Quem é o homem rico que será salvo, XLII]

 

Na história que Clemente conta sobre João  ele detalha como o Apostolo era já um homem velho e fraco.

 

A história é sobre um jovem convertido que João havia confiado a certo ancião para discípulo na fé. O homem tinha sido anteriormente um ladrão e salteador.“… Ao retornar do exílio em Patmos, ele ouviu que o jovem havia retornado para sua vida antiga de crime. Ao ouvir isso, ele repreendeu fortemente o mais velho em cuja guarda ele havia deixado. João partiu imediatamente para o lugar onde este ladrão e seu bando se escondiam. Ao chegar ao local, ele foi agredido pelo bando de ladrões. Ele exigiu deles para levá-lo ao seu líder. Eles trouxeram João ao homem  que João havia anteriormente conquistado para Cristo, e deixado sob a custódia do mais velho. Quando o jovem viu João se aproximando, ele começou a fugir. João começou a correr atrás dele, pedindoPor que, meu filho fugir de mim, teu pai, desarmado e velho? Filho tenha pena de mim. Não temas, tens ainda a esperança de vida. Vou dar conta de Cristo por ti. Se for necessário, eu vou de bom grado suportar tua morte, como fez o Senhor a morte por nós. Por ti vou entregar minha vida… João explicou-lhe que o perdão e a restauração era ainda possível…

 

Clemente, em seguida declarou: “E ele, quando o ouviu, primeiro se levantou olhando para baixo, em seguida, jogou os braços, então tremeu e chorou amargamente. E vendo o  velho João se aproximando, ele abraçou-o, falando para si próprio com lamentações… e batizou uma segunda vez com lágrimas, escondendo apenas sua mão direita. Os outros prometendo, e assegurando-lhe sob juramento que ele iria encontrar o perdão para si mesmo do Salvador, rogando de joelhos, e beijando a mão direita em si, como agora purificada pelo arrependimento, o levou de volta para a igreja.” [Clement, Quem é o homem rico que será salvo, XLII]

 

A partir dessa história vemos que após a libertação do exílio de João em Patmos ele era um homem fraco e avançado em idade. João poderia ter tido pouco mais de vinte anos quando Jesus o chamou. Ele e seu irmão Tiago estavam trabalhando com seu pai como pescadores (Mt 4:21-22). Assumindo que João estava nos seus vinte anos, ele teria então oitenta ou mais em AD96.  No entanto, se o “tirano”, referido por Clemente foi Nero, então João era ainda bastante jovem na época da morte de Nero, na casa dos quarenta, beirando os cinqüenta. Ele dificilmente seria mencionado como um homem fraco e velho por Clemente.

 

Que João viveu até depois do reinado de Domiciano também é mostrada por repetidas referências; Irineu lembra: “para seu próprio mentor, Policarpo, sendo discípulo de João…”. [Irineu, frag. ii].

 

João e  Policarpo

 

Policarpo nasceu em AD 65 ou 66, e morreu em aproximadamente AD 156. Ele tinha cinco anos quando Jerusalém foi destruída. Ele tinha dois anos quando Nero morreu. Portanto, se ele foi tutelado por João, deve ter sido, pelo menos, uma década depois da destruição de Jerusalém, o que não seria possível se nos baseamos na cronologia preterista,  pois João estava preso em Patmos.

 

Se João esteve em Patmos antes de 70 dC, e lá permaneceu até fins da década de 90, como entender que Policarpo foi seu discípulo se este nasceu cinco anos antes da destruição de Jerusalém? Em outras palavras, se João ficou mais de trinta anos exilado, quando foi que ele tutelou Policarpo fazendo dele seu discípulo? Isso não pode ter ocorrido se João esteve preso em 70 dC. Certamente Policarpo não poderia ter sido discípulo de João em 70 dC, pois ele tinha apenas cinco anos de idade. O leitor facilmente poderia responder: Obviamente João encontrou Policarpo depois de liberto da ilha.

 

Observe as notas abaixo,

 

“Nascido em uma família cristã por volta dos anos 70, na Ásia Menor (atual Turquia), Policarpo era discípulo do Apóstolo João. Em sua juventude costumava se sentar aos pés do Apóstolo do amor. Também teve a oportunidade de conhecer Ireneu, o mais importante erudito cristão do final do segundo século. Inácio de Antioquia, em seu trajeto para o martírio romano em 116, escreveu cartas para Policarpo e para a igreja de Esmirna”.

 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Policarpo_de_Esmirna

 

O detalhe

 

“Quando em sua juventude Policarpo assentava-se aos pés do Apóstolo João…”

 

Se seguirmos a cronologia preterista, então Policarpo foi discípulo de João depois dos trinta anos de idade,  pois se for assim  considerado, então João ministrou para o jovem e adolescente Policarpo depois que foi liberto do exílio, o que é uma brutal contradição.  Se  Policarpo nasceu em torno de 65 dC, e foi feito discípulo de João depois de 98 dC, ele já passava dos 33.

 

Se o leitor preterista não entendeu, eu vou repetir,

 

Deve-se notar que, se João discipulou Policarpo depois de ter sido liberto do seu cativeiro, isso só foi possível depois de 98, quase chegando em 100 dC, com Policarpo beirando a casa dos quarenta anos, não sendo mais tão jovem; é uma contradição, pois não está de acordo com o testemunho da história,  a qual  afirma que sendo ainda um adolescente Policarpo assentava-se aos pés do Apóstolo João sendo assim ministrado por ele.

 

Segue o texto

 

“Policarpo foi ordenado bispo de Esmirna pelo próprio João Evangelista. De caráter reto, de alto saber, amor a Igreja e fiel à ortodoxia da fé, era respeitado por todos no Oriente. Com a perseguição, o Santo bispo de 86 anos, escondeu-se até ser preso e assim foi levado para o governador, que pretendia convencê-lo de negar a Cristo. Policarpo, porém, proferiu estas palavras: “Há oitenta e seis anos sirvo a Cristo e nenhum mal tenho recebido Dele. Como poderei negar Aquele a quem prestei culto e rejeitar o meu Salvador?”

 

O que se percebe é que João foi exilado em Patmos depois de 70, sendo que nessa ocasião já havia feito de Policarpo um discípulo.

 

Policarpo viveu até ser martirizado em torno de 156 AD, com quase 90 anos de idade.